Waldyr Souto
Com a chegada dos Monitores LCD, muitos monitores TRC ficaram abandonados nas oficinas. Muitos até com pequenos defeitos. Por outro lado, muitos colegas que evoluíram para o LCD confessam ter saudades do velho Monitor TRC.
O objetivo deste artigo é incentivar os técnicos a reaproveitarem os monitores que foram abandonados nas suas oficinas, seja para uso próprio, seja para venda, o que pode render um dinheirinho extra.
Os defeitos dos Monitores TRC são verificados a partir da avaliação do sintoma, ou seja, é o sintoma que deveremos analisar primeiramente observando como a tela está se apresentando, se há trama, se há imagem, como está a imagem e como a geometria da tela se encontra.
Uma boa avaliação do sintoma encurta bastante o tempo de conserto, pois, nos permite levantar suspeitas mais acertadas quanto ao setor defeituoso.
Em seguida, deveremos efetuar medições, conferindo o valor e a presença das principais tensões envolvidas com o setor suspeito.
São os valores anormais ou ausentes que nos permite desconfiar de alguns componentes, os quais deverão ser retirados para teste e substituição.
DEFEITOS INTERMITENTES
Os defeitos intermitentes são aqueles em que, em alguns momentos, o monitor funciona bem, apresentando defeito em outros momentos, caracterizando um tipo de defeito que muitas das vezes toma tempo e chega a irritar o técnico.
Para solucionar esse tipo de defeito mais rapidamente, o técnico deverá usar técnicas diferentes para cada característica de defeito intermitente.
Defeitos que somem e aparecem ao se bater levemente no gabinete:
O mais provável é solda-fria. Pressionar levemente com um bastão isolado, todos os componentes da placa, um a um, principalmente na área suspeita é uma boa opção. A tendência é a intermitência se manifestar, ao se tocar no componente que está com solda-fria. O bastão pode ser aplicado também do lado da solda.
Se o defeito não se manifestar, o problema pode ser placa rachada ou trilha partida. Provoque leves torções na placa e verifique se o defeito se manifesta. Use uma lupa para descobrir onde está a rachadura.
Defeitos que somem após o aparelho aquecer:
Esse problema pode ser causado também por solda fria, já que, os terminais e os filetes se dilatam com o calor, permitindo o contato. Entretanto, se o defeito vai desaparecendo gradativamente, é mais provável que haja algum ou alguns capacitores eletrolíticos com defeito. Ao aquecer, o óleo eletrolítico se torna menos viscoso e mais úmido, melhorando a sua eficiência no interior do capacitor.
Defeitos que aparecem após o aparelho aquecer:
Para essa característica, além das causas provocadas por solda-fria, deve-se levar em consideração defeitos de fugas em capacitores cerâmicos, cinescópios, transistores e integrados que trabalham quente.
A aplicação de spray congelante ou ar quente sobre a peça suspeita pode ajudar muito na determinação.
DEFEITOS DE TELA APAGADA
Queimando fusível:
Se o fusível queima instantaneamente ao se ligar o aparelho e fica escuro por dentro, é mais provável que o defeito seja da Ponte Retificadora, capacitores ligados a ela ou do Transistor de Potência da fonte.
Se o fusível queima após algum tempo de funcionamento e não fica manchado por dentro, é mais provável que algum capacitor de filtro, diodo ou circuito alimentado pela fonte esteja em curto.
A fonte não apresenta tensões na saída:
Verifique se não há curto nas linhas que alimentam elementos como: Horizontal e Reguladores.
Na linha do horizontal, o curto se manifesta mais nos transitores de potência dos circuitos DC/DC e nos transistores de Saída Horizontal.
Caso não haja curto nas linhas de alimentação, verificar o transistor chaveador de potência da fonte, os resistores do circuito de partida, e se não há curto em algum elemento do secundário da fonte, como diodos zener, diodos retificadores e capacitores.
A fonte apresenta tensões normais na saída:
Caso não haja tensão de filamento nem Screen, o circuito horizontal deve estar parado. Verifique se a alimentação principal chega ao coletor do saída horizontal, teste os transistores envolvidos com o circuito DC/DC e horizontal, teste os componentes ligados ao Fly Back.
Caso o Oscilador e o Driver horizontal estejam funcionando bem, os diodos e capacitores ligados ao fly back e CI de saída Vertical já foram verificados, troque o Fly Back.
DEFICIÊNCIA DE LARGURA
Esse sintoma se manifesta mais nos seguintes elementos:
1º - Diodos e Transistores de potência do circuito DC/DC e do circuito de controle de Largura.
2º - Capacitores de largura.
3º - Elementos ligados à bobina deflectora horizontal.
FALTA TOTAL DE VARREDURA VERTICAL
Esse defeito acontece, quase sempre devido a queima do CI de saída vertical.
Verifique, entretanto, se há alimentação para o CI vertical. Esse CI costuma trabalhar com dois + B, um de 9 ou 12 volts e outro de 20 ou 24 volts. Se estiver faltando os 12 volts, o defeito costuma ser do regulador de 12 volts, se estiver faltando os 24 volts, o defeito pode ser do fusistor da linha de 24 volts.
Caso o fusistor esteja queimado, é provável que algum elemento tenha entrado em curto: o diodo ou o capacitor dessa linha ou o próprio CI de saída.
Dicas:
Sansung: CVP4237 Queimando fusível: D601 à D604 / CQB4147 Excesso de largura: Q408 C417 / CVM4697 Caracteres com rastros: Solda fria na placa RGB / CQA4147 Entrando em proteção: C418 / Goldstar: CQ4562 Excesso de largura com +B alto: Q905 R930 e R933 / 1425 PLUS Não liga: D 709 D 910 / 1425 PLUS Largura não atua: Q 609.
Considerações finais:
As orientações apresentadas aqui não esgotam o assunto, mas, ajudam bastante e servem como ponto de partida para a maioria dos consertos a serem realizados nesses tipos de aparelhos, que ainda oferecem um bom mercado.
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Waldyr Souto Maior é professor de eletrônica na ESATE, possui cursos no exterior, é autor de alguns livros técnicos e é vice-presidente da Asfeteb (Associação Federal dos Técnicos em Eletroeletrônica do Brasil: esate.asfeteb@ig.com.br).