terça-feira, 4 de abril de 2017

Jornal Ícone - É preciso “resolver nossos monstros secretos”




Carlos Dei
 
“Precisamos resolver nossos monstros secretos, nossas feridas clandestinas, nossa insanidade oculta. Não podemos nunca esquecer que os sonhos, a motivação, o desejo de ser livre nos ajudam a superar esses monstros, vencê-los e utilizá-los como servos da nossa inteligência. Não tenha medo da dor, tenha medo de não enfrentá-la, criticá-la, usá-la.”

Michel Faulcault

 Não tenho dúvida de o quanto foi complexo e ambíguo o ano que passou , com todos os acontecimentos ditos “legais” e ao mesmo tempo indigestos. Nesse emaranhado de golpes e contragolpes, ficamos nós, a massa que põe a mão na massa, à deriva da incerteza da falta de perspectivas, do afundamento do que se construiu, do “joga fora no lixo” tudo o que se ergueu a duros suores, dos impedimentos aos direitos básicos e fundamentais, em troca de uma falsa moralidade, de um acerto de contas que não contraímos, que não usufruímos, que não nos responsabilizamos, tampouco passamos procuração para que o fizessem em nosso nome.  Ou será que o fizemos e não nos lembramos? Ou será que nos traímos e não consentimos? Ou será que assinamos  e nos arrependemos? “Será que será”?
 Agora “a inês é morta”, “...é tarde demais para ser reprovado”  “por onde andará Stephen Fry?”. “Às vezes me preservo / Noutras, suicido!” e como a Fênix, a despeito de todos os equívocos, conscientes ou casuais, “a gente vai levando”. Somos milhões de sem vergonhas, em matéria de ação para mudanças radicais do nosso destino, entregamos nosso timão na mão de corjas e mais corjas; “entra em beco, sai em beco”, as santas e santos com nossos nomes estão de saco cheio dos nossos medos e hipocrisia, do nosso comportamento de “cabresto”, de ‘burros’ encurralados nas metades de tijolos, dentaduras, remédios, cestas básicas, presentinhos, migalhinhas, bolsinhas de ‘estuduzinhos’, campinhos de ‘futebolzinhos’, “assistencinhas sociaizinhas”, dos nossos  “faz de contas que governas, que faço de contas que está tudo bem” e, enquanto isso, “a gente vai tomando” e vai coroando essas corjas como nossos representantes maiores, que só arruinam a nossa vida. E continuamos com a cantilena -“na hora eu só sei dizer: ah é, ééé, ah é, ééé?”.
 Constatado o óbvio, resta-nos nos reerguer e caminhar, em busca da nossa eterna utopia, mas acreditando nas próprias forças e fazendo como o velho marinheiro, em meio ao nevoeiro “leva o barco devagar”, com a certeza de que reencontrará seu norte, seu rumo, sem naufragar.
 A despeito de toda essa maré revolta, chegamos ao final de mais um ciclo para iniciar um outro, para o qual “... renova-se a esperança/ Nova aurora a cada dia/ E há que se cuidar do broto/ Pra que a vida nos dê flor e fruto...” Desejamos a todos Boas Festas e um Ano Novo de renovadas esperanças, de conquistas, para que encaremos nossas “dores”, nossos “medos”, transformando sonhos em realizações, que nos dêem frutos concretos das perspectivas que vislumbramos  para nossa vida. 
Grande abraço! 


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