segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Jornal Ícone ed. n. 222 - Editorial - Viva a transformação tecnológica e, sobretudo, a humana

Carlos Dei

“Retrato do artista quando coisa”
Manoel de Barros


"A maior riqueza
do homem
é sua incompletude.
Nesse ponto
sou abastado.
Palavras que me aceitam
como sou
— eu não aceito.
Não aguento ser apenas
um sujeito que abre
portas, que puxa
válvulas, que olha o
relógio, que compra pão
às 6 da tarde, que vai
lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai. Mas eu
preciso ser Outros.
Eu penso
renovar o homem
usando borboletas."

Singela homenagem ao poeta matogrossense, Manoel de Barros, falecido recentemente (13 de novembro), que deixou um imenso legado poético, que nos faz retomar nossa condição de seres humanos, crianças que fomos e que na caminhada não podemos nos deixar transformar em robóticos e teleguiados, a ponto de perdermos a noção da nossa humanidade, o nosso senso crítico, o nosso lado poético que, somado às possibilidades das inovações tecnológicas, podem nos tornar seres melhores, solidários, menos ranzinzas e maçantes e hostis.
“A capacidade de alterar a natureza por meio da ação consciente torna a condição humana muito específica, marcada pelo ambíguo, pelo instável, o que nos faz eternos insatisfeitos, querendo sempre alterar o já conquistado”. Isso é o que dá o tempero de ser, ao contrário dos animais que se acomodam ao natural (e nem por isso são “infelizes”), conservando-se sempre idênticos a si mesmos.
Somos plasmados pela cultura, mas também somos capazes de romper com a tradição, às vezes para a melhor, às vezes para a pior. É a nossa sina dos reveses. O que deu certo ontem, nem sempre servirá para um novo modelo, para um novo momento, para uma nova descoberta. Viva a transformação humana e tecnológica, mas é preciso usar tudo isso em favor de nós mesmos, coletivos, não egoístas, não acumuladores - no pior sentido disso.
Vamos democratizar os benefícios das descobertas e tecnologias em favor da nossa poesia humana, chamada vida, sem a tragédia bélica - em todos os sentidos. (Editorial do Jornal Ícone, ed. n.222, Dez/2014).
Desejamos a todos os Amigos, leitores, anunciantes, colaboradores, à minha família uma profunda reflexão para realmente termos um Feliz Natal e uma renovação no Ano Novo de 2015, com prosperidade e poesia.
Abraços!

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