Carlos Dei
“Precisamos
resolver nossos monstros secretos, nossas feridas clandestinas, nossa
insanidade oculta. Não podemos nunca esquecer que os sonhos, a motivação, o
desejo de ser livre nos ajudam a superar esses monstros, vencê-los e
utilizá-los como servos da nossa inteligência. Não tenha medo da dor, tenha
medo de não enfrentá-la, criticá-la, usá-la.”
Michel
Faulcault
Não
tenho dúvida de o quanto foi complexo e ambíguo o ano que passou , com
todos os acontecimentos ditos “legais” e ao mesmo tempo indigestos. Nesse
emaranhado de golpes e contragolpes, ficamos nós, a massa que põe a mão na
massa, à deriva da incerteza da falta de perspectivas, do afundamento do que se
construiu, do “joga fora no lixo” tudo o que se ergueu a duros suores, dos
impedimentos aos direitos básicos e fundamentais, em troca de uma falsa
moralidade, de um acerto de contas que não contraímos, que não usufruímos, que
não nos responsabilizamos, tampouco passamos procuração para que o fizessem em
nosso nome. Ou será que o fizemos e não nos lembramos? Ou será que nos traímos
e não consentimos? Ou será que assinamos
e nos arrependemos? “Será que será”?
Agora
“a inês é morta”, “...é tarde demais para ser reprovado” “por onde andará Stephen Fry?”. “Às vezes me
preservo / Noutras, suicido!” e como a Fênix, a despeito de todos os equívocos,
conscientes ou casuais, “a gente vai levando”. Somos milhões de sem vergonhas,
em matéria de ação para mudanças radicais do nosso destino, entregamos nosso
timão na mão de corjas e mais corjas; “entra em beco, sai em beco”, as santas e
santos com nossos nomes estão de saco cheio dos nossos medos e hipocrisia, do
nosso comportamento de “cabresto”, de ‘burros’ encurralados nas metades de
tijolos, dentaduras, remédios, cestas básicas, presentinhos, migalhinhas,
bolsinhas de ‘estuduzinhos’, campinhos de ‘futebolzinhos’, “assistencinhas
sociaizinhas”, dos nossos “faz de contas
que governas, que faço de contas que está tudo bem” e, enquanto isso, “a gente
vai tomando” e vai coroando essas corjas como nossos representantes maiores,
que só arruinam a nossa vida. E continuamos com a cantilena -“na hora eu só sei
dizer: ah é, ééé, ah é, ééé?”.
Constatado
o óbvio, resta-nos nos reerguer e caminhar, em busca da nossa eterna utopia,
mas acreditando nas próprias forças e fazendo como o velho marinheiro, em meio
ao nevoeiro “leva o barco devagar”, com a certeza de que reencontrará seu norte,
seu rumo, sem naufragar.
A
despeito de toda essa maré revolta, chegamos ao final de mais um ciclo para
iniciar um outro, para o qual “... renova-se a esperança/ Nova aurora a cada
dia/ E há que se cuidar do broto/ Pra que a vida nos dê flor e fruto...”
Desejamos a todos Boas Festas e um Ano Novo de renovadas esperanças, de
conquistas, para que encaremos nossas “dores”, nossos “medos”, transformando
sonhos em realizações, que nos dêem frutos concretos das perspectivas que
vislumbramos para nossa vida.
Grande
abraço!
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