quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Jornal Ícone 208 - A revolução dos foto-acopladores

Waldyr Souto
 
A cada dia que passa percebo um aumento considerável na utilização de foto-acopladores em aparelhos eletrônicos, dos mais diversos tipos, e de novas configurações no que diz respeito à maneira como eles são ligados aos circuitos e componentes associados. Por outro lado, percebo também que este é um dos componentes sobre o qual os técnicos mais reúnem dúvidas a respeito, resultando em trocas desnecessárias e até desastrosas.
O objetivo da minha matéria deste mês é trazer aos leitores algumas informações importantes sobre os Foto-acopladores, para que eles possam compreender melhor seus defeitos, seus testes e substituições.
O foto-acoplador ou Acoplador Ótico é um dispositivo que permite interligar dois setores sem uso de ligação física entre eles, ou seja, a transferência de sinais é feita através de luz, o que permite a isolação entre os setores que poderão assim ter alimentações e até terras diferentes.
O acoplamento ótico acontece dentro de um chip, onde um Diodo Emissor de Luz envia sua luz para um elemento foto sensível que, na maioria das vezes, é um foto-transistor.
Veja a figura 1.
Entretanto, nos últimos anos surgiram diversos tipos de foto acopladores que utilizam-se de Diodos, Tiristores, Triacs e até Resistores como elementos foto sensíveis. Veja as figuras 2, 3 e 4.
Figura2    
Quando este dispositivo  foto sensível  recebe a  luz do diodo emissor, a resistência entre seus terminais diminui, afetando assim o funcionamento do circuito do setor receptor.
Figura3                                   Figura4
As características mais importantes de um foto-acoplador são: Isolação, corrente diódica e corrente de saída.
A isolação é a máxima diferença de potencial que pode existir entre o circuito onde está ligado o fotodiodo e o circuito onde está ligado o elemento de saída. Os foto-acopladores apresentam isolações bem altas, geralmente acima de 500 volts.
A corrente diódica é a corrente aplicada ao foto-diodo e a corrente de saída é a corrente obtida na saída do foto-acoplador.
Por exemplo, uma corrente típica de saída em um foto-acoplador com transistor comum é  ~=  2mA para uma corrente
diódica de 10 mA. A tensão de isolação varia entre 500 e 5000 V.
No foto-acoplador Darlington, uma corrente de saída típica é de 30 a 60 mA para uma corrente diódica de 10 mA.
A corrente diódica requerida para ativar um foto-acoplador à TRIAC varia entre 5 e 30 mA, para uma corrente de saída em torno de 2 mA. A tensão de isolação típica nesses foto-acopladores ultrapassa os 5000 V.
O foto acoplador é utilizado em diversas situações no ramo da eletrônica, como é o caso de algumas entradas AV de televisão que usa o foto-acoplador para isolar o conector externo dos circuitos internos da TV para proteger o usuário contra choques elétricos e prevenir também confrontos indesejáveis de fases entre a TV e o equipamento que está sendo conectado a ela.  Mas, talvez o encontremos mais em Fontes Chaveadas, devido a ser uma ótima solução para interligar o seu secundário ao primário, que possuem terras e potenciais diferentes.
Veja a figura 5
A tensão V4 disponível no secundário é utilizada também como referência para o controle de todas as demais tensões da fonte. Observe que essa tensão é aplicada ao LED interno do foto acoplador para gerar uma corrente diódica tal que, por sua vez, excite necessariamente o foto-transistor. O foto-transistor, ao conduzir, aplica mais voltagem ao pino de controle do IC 1 que altera a frequência de chaveamento do mosfet Q1, corrigindo assim todas as tensões induzidas no secundário.
Observe que o terra do primário é diferente do terra do secundário e, como os potenciais também são bem diferentes, o uso de um foto acoplador foi a melhor solução para estabelecer uma separação física entre os dois setores.
Em caso de consertos, para saber se o foto acoplador está com defeito, podemos testá-lo ou trocá-lo por um novo.
A maioria dos colegas utiliza-se de dois ohmímetros analógicos para fazer o teste. Basta ligar um ohmímetro no foto-diodo, usando a escala de RX1 e o outro no foto-transistor, utilizando a escala de RX1K. Ao polarizar o foto-diodo diretamente com um dos ohmímetros, o outro ohmímetro ligado ao transistor acusará uma considerável redução de resistência, desde que esteja polarizado corretamente.
É possível também utilizar apenas um ohmímetro, substituindo-se o primeiro por duas pilhas ( 3 volts ) ligadas em série com um resistor de 47 ohms.
É claro que o melhor teste é mesmo substituí-lo por um novo. Neste caso, uma outra dificuldade surge para o técnico: conseguir um foto-acoplador igual no mercado. O mercado comum não oferece uma boa variedade de opções.
Existem casos em que o foto acoplador pode ser substituído por outro até diferente, mas, em fontes chaveadas, o foto acoplador representa um elemento crítico e deve, portanto, ser substituído por outro idêntico ou equivalente bem próximo.
Em caso de dificuldade, aconselho recorrer aos sucateiros de plantão.
A Asfeteb é uma associação de técnicos que atua também nesta área, ajudando na localização dos componentes de sucata, consultando todo o grupo para auxiliar quem está precisando.
Os foto-acopladores abrem um universo de estudos que precisaria de muitas matérias como esta para se esgotar, mas, espero ter ajudado aqueles que ainda reuniam dúvidas básicas sobre esses componentes.
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Waldyr Souto Maior é professor de eletrônica na ESATE, possui cursos no exterior, é autor de alguns livros técnicos e é vice-presidente da Asfeteb (Associação Federal dos Técnicos em Eletroeletrônica do Brasil: esate.asfeteb@ig.com.br).

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