quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Jornal Ícone ed. 208 - Ventos de mudanças!

Carlos Dei
 
 
Quando os ventos de mudança sopram, umas pessoas levantam barreiras, outras constroem moinhos de vento.

Érico Veríssimo

 Quem, como eu, viveu a infância, adolescência e juventude assoladas por uma ditadura militar, pós-golpe de 1964, que transformou nossos sonhos e esperanças em exceção, facismo, tecnicismo, falta de perspectiva de crescimento interior, social, intelectual, artístico e até econômico, com o desmantelamento das instituições democráticas, das iniciativas, da má gestão dos recursos públicos, dos investimentos em “elefantes brancos” em detrimento de uma educação, saúde, habitação, transporte, segurança de qualidade não pode temer que a população acorde de um novo pesadelo e tenha consciência crítica da sua realidade.

Ficamos felizes ao conquistarmos a duras penas, muita luta e ao custo de muitas vidas a redemocratização do país, o voto direto, a liberdade de expressão e de escolha; elegemos nossos candidatos (e nem sempre acertamos), vimos a alternância de poder da direita para o centro, para a esquerda. Ops, ‘esquerda’? etc, etc, etc... O fato é que, teoricamente, aparentemente, e até concretamente, muita coisa mudou e continuamos sonhando com a conquista de uma cidadania digna, do nosso tamanho e necessidade, com o retorno dos impostos escorchantes que sempre pagamos, através de educação, saúde, transporte, habitação, alimentação de qualidade, acessíveis e de perspectiva de um futuro melhor para nós, nossos filhos, netos...

O fato é que coletivamente fomos tomados por um sentimento de descaso, descaminho e abandono, presenciando a má utilização dos recursos públicos, a corrupção crescente, o eterno investimento em “elefantes brancos”, o beneficiamento e enriquecimento ilícito de alguns, através das “comissões” não declaradas, dos desvios de verba, dos roubos deslavados e descarados, dos altos salários dos gestores públicos e da falta de punição para tais crimes, da impunidade certa, de todo o ‘mal-caratismo’.

O certo é que cansamos de ser os eternos patinhos à deriva, manipuláveis, tolos e imprevidentes, à custa de uma corja que se beneficia sempre, em detrimento do bem-estar da população, dos nanos, micros e médios empreendedores que carregam nas costas o progresso desse país, país esse que também conquistou um ‘neo-crescimento econômico’ que o alçou à condição de novo eldorado, Brics, etc, etc, etc, mas em que a falta de transparência e a má gestão pública vai nos deixando à mingua, sempre de pires na mão.

Ficamos felizes em ver o gigante acordando, e tomara que prevaleça nesse imprevisível redemoinho coletivo a força, a união, o objetivo centrado, sempre com a palavra de ordem da paz e do interesse comum, do respeito ao direito do outro, para estabelecermos de vez a dignidade da nossa cidadania para que os ventos de mudança limpem de vez, das intituições, os oportunistas e aproveitadores, que tanto nos prejudicam.

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