Paulo Roberto
A pedidos de alunos, irei trazer nesta edição dicas de manutenção em televisores de CRT, já que, apesar da LCD estar entrando fortemente no mercado, os alunos têm recebido um volume de televisores de CRT que não pode ser desprezado.
MITSUBISHI TC-2051 / 2091 – CORROSÃO NO IMPRESSO
Os aparelhos dos modelos mencionados acima têm apresentado diversos defeitos provenientes de corrosão provocada pelo vazamento de capacitores eletrolíticos, porém o defeito mais interessante e perigoso é o que provoca a degola do tubo de imagem. Os capacitores eletrolíticos que se encontram nestes aparelhos, principalmente os do vertical, com o passar do tempo, apresentam um vazamento do eletrólito interno que assim provoca a corrosão do impresso abaixo deles. Dependendo do local e do capacitor a extensão dos danos pode evoluir para uma situação crítica. Nos defeitos catalogados nesta situação estão:
- Sem som
- Som intermitente
- Vertical fechado
- Parada (saída horizontal em curto)
- Vertical reduzido
- Falta de cor (menos provável)
Como dito anteriormente, cada situação é provocada por um ou mais capacitores vazados, sendo que o diferencial está na posição do capacitor ou o avanço do problema, pois em determinados defeitos o cliente deixa a situação piorar para depois chamar o técnico. O procedimento de manutenção é descrito a seguir:
- Limpeza da área afetada ( usar redutor )
- Lavar o local com benzina
- Recolocar componentes após a verificação dos que estavam realmente defeituosos
OBS: caso algum componente apresente medição perfeita, mas foi exposto ao eletrólito, faça a devida substituição, pois futuramente o mesmo poderá apresentar deficiência.
OBS 2: Apesar dos modelos mencionados apresentarem maior incidência destes defeitos, não podemos descartar que modelos similares possam apresentar os mesmos sintomas.
O maior cuidado nestes aparelhos é com a situação onde a TV entra parada e, ao medir o saída horizontal, o mesmo apresenta-se em curto. Quando você se deparar com esta situação alerte o cliente para a possibilidade do tubo estar danificado. FIQUE ATENTO, pois isto ocorre com mais frequência do que você possa imaginar. Isto ocorre porque os eletrolíticos do vertical ( próximos ao dissipador ) vazam, fazendo com o vertical feche e como o feixe de elétrons nesta situação é redirecionado para o vidro do tubo, o mesmo degola e faz com que o saída horizontal entre em curto.
CINERAL / MODELOS TC 1420 / 1470 / 2077 / TC-PL 2110 / IDENTIFICAÇÃO DO CIRCUITO DE PROTEÇÃO
O integrado IC 501 (UOC) utilizado neste chassi é o TDA 9570/07, portanto iremos analisar o pino 34 deste integrado, pois é neste pino que se faz a monitoração de proteção. O regime de trabalho deste pino é cerca de 1,7V e quando a tensão ultrapassa 3,9V , imediatamente o aparelho será desligado. Os estágios monitorados por este circuito de proteção são: filamento e ABL. No caso de aumento da tensão de filamento (proporcional ao aumento de MAT) uma amostra da tensão de filamento é retificada por D202 provocando a condução do transistor Q204 que provocará a condução de Q203 aplicando 9V no pino 34 do IC 501. Na figura 1 podemos ver a representação deste circuito.
Figura 1 – Proteção Cineral pelo filamento
Figura 1 – Proteção Cineral pelo filamento
Nos casos de aumento na tensão do pino 8 do FlyBack ou escape de alta para o terra, irá refletir nos resistores R217 e R218 gerando assim o acionamento do mesmo pino 34 da proteção. Na figura 2 podemos ver o circuito e seu funcionamento.
Figura 2 – Proteção Cineral pela linha de ABL
CINERAL / BOBINAS DE AFT DESCALIBRADAS
Tem sido comum nos aparelhos Cineral o aparecimento de um defeito muito famoso em aparelhos que utilizam bobinas de AFT no circuito de FI, o deslocamento da imagem ( imagem ligeiramente fora de sintonia não casada com o som ) gerado pelo descalibramento da bobina de AFT. Na realidade, isto ocorre porque o capacitor interno altera seu valor, proporcionando uma diferença no conjunto indutor/capacitor da bobina. No caso de pegarmos um aparelho com este sintoma devemos fazer a sequência a seguir:
RECUPERAÇÃO DE BOBINAS
- Retirar a bobina do circuito
- Quebrar o capacitor interno da bobina
- Lavar a bobina com benzina
- Recolocar a bobina no circuito
- Por baixo do impresso conecte um capacitor do mesmo valor do que foi quebrado
- Ajuste a bobina se for necessário
Evidentemente que este procedimento se faz necessário na condição de já sabermos previamente o valor do capacitor, mas caso não seja de nosso conhecimento o valor deste capacitor, basta colocar um trimmer no lugar do capacitor ( bobina já sem o capacitor ) e ajustar o mesmo até a imagem estabilizar. Após este processo, retire o trimmer e meça seu valor com um capacímetro para definir o valor real do capacitor a ser colocado no circuito.
OBS: O valor do trimmer para a experiência deve ser de 100pF, pois capacitores de bobinas de AFT geralmente ficam abaixo deste valor.
RECUPERAÇÃO DE PLACAS COM MARESIA
Certos aparelhos encontrados no mercado apresentam maresia ou umidade que provocam os mais diversos defeitos. O processo mais aconselhável nesta situação é a lavagem da placa para retirar a maresia e recompor o funcionamento do circuito. Nas figuras a seguir podemos identificar uma placa onde temos a visão da maresia contaminando o integrado. Já na outra figura podemos ver como a placa fica em bom estado após a lavagem.
Siga os procedimentos abaixo para efetuar um bom reparo nestas situações:
- Tire da placa componentes críticos a água como seletores, bobinas, etc.
- Lave a placa com água e sabão neutro
- Retire o sabão com água corrente.
- Secar a placa expondo ao sol ou com secador de cabelos, mas, nesta segunda hipótese, não aproximar o jato perto de componentes críticos ao ar quente
- Aplique thinner na placa esfregando com um pincel de cerdas macias
- Fazer uma inspeção visual para identificar componentes que estejam enferrujados ou prestes a se quebrar. Executar a troca destes componentes ou de eventuais componentes que venham a ser deteriorar no futuro.
- Trocar eletrolíticos com aspecto duvidoso
- Recolocar a placa na TV
Paulo Roberto dos Santos é Técnico em Eletrônica e Mecatrônica com especialização em Instrumentação Industrial, atuou por muitos anos na rede Sharp e atualmente trabalha como tecnólogo na Universidade Gama Filho. Paulo Roberto é autor de diversos livros e editor do boletimtecnicorj@gmail.com, distribuído de forma gratuita,colunista do Jornal Ícone, atuando também como Instrutor e palestrante de manutenção. Possui experiência em manutenção eletrônica com mais de 25 anos
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