Na profissão de Eletrônica, assim como em todas as outras áreas, em função do progresso evolutivo, os profissionais vão modificando gradativamente seus métodos de trabalho, com objetivo de se adequar às novidades tecnológicas trazidas pelo progresso.
Uma das práticas que está se tornando muito freqüente hoje em dia é a troca de placas em conserto de aparelhos de TV. Mas, será que é vergonhoso para o técnico trocar toda a placa pra reparar um aparelho?
É claro que os técnicos, principalmente os veteranos, não gostam muito de trocar placas. Eles acham que ser técnico é encontrar e trocar uma peça isolada. Mas, vamos analisar esse problema, apontando alguns fatos que estão contribuindo para isto:
Componentes inconfiáveis:
Antigamente, quando se trocava um transistor e o mesmo queimava ao se ligar o aparelho, deduzia-se que havia um outro defeito provocando a queima do mesmo. Agora, na maioria das vezes, se isso acontecer é porque o técnico caiu no conto do “transistor carimbado” ou seja, TRANSISTOR FAJUTO. É um tipo que atrai devido o preço baixo mais resulta quase sempre em perda de tempo e também de cliente.
Esse problema é realidade também em outros componentes como: Integrados, diodos e mosfets.
A solução aqui é mudar de loja e comprar o mais caro, o mais robusto e indagar na loja se o componente é original.
Atualização de software:
Antigamente, quando havia a suspeita de problema com a programação da memória de uma TV, o técnico teria apenas que regravar a memória EEPROM ou, trocá-la em caso de defeito no CI.
Hoje, após a invasão das memórias Flash, que vêm no interior dos complexos CI’s processadores e que comportam dados importantes, como a versão do aparelho, a regravação é feita por um procedimento chamado de ATUALIZAÇÃO DE SOFTWARE ou FIRMWARE, que se resume em espetar um Pen Drive na entrada USB da TV, contendo o software referente ao modelo e versão do aparelho, seguir alguns procedimentos, e pronto.
Bem, falando assim, parece bem simples. Só que, os fabricantes costumam reservar esses softwares apenas para o seu próprio uso e, quando o encontramos na Internet, encontramos somente o software ou, somente os procedimentos, postados por algum colega com intenção de ajudar. Acontece que, não adianta ter o software sem ter os procedimentos e vice-versa.
Por outro lado, é preciso ter muito cuidado, pois, há casos que a atualização de software não resolve o problema e outros casos em que até piora o sintoma.
Para evitar decepções, verifique se o software é confiável e se está de acordo com o modelo do aparelho.
Os componentes estão cada vez menores e mais grudados na placa:
Antigamente a maioria dos consertos se resumia em trocar uma válvula, e nem precisava de ferro de soldar. Com a chegada dos transistores e integrados, o técnicos passaram a ter que dessoldar cada componente individualmente, na maioria das vezes, ainda na fase da pesquisa do defeito, tornando o conserto bem mais trabalhoso e demorado.
Nos dias de hoje este problema é ainda maior, pois, quanto mais os aparelhos eletrônicos evoluem, mais surgem placas complexas com muitos componentes SMD que deverão ser substituídos, até mesmo, durante a procura do defeito.
Agora imagine enfrentar todos esses problemas sem um esquema na mão...
Os esquemas estão cada vez mais difíceis:
Quem é técnico reparador veterano na profissão de eletrônica pode testemunhar que antigamente o esquema era fornecido no interior do próprio aparelho. Com o tempo, teríamos que comprá-lo e, por um preço geralmente alto. Não muito tempo depois, os grandes distribuidores de esquemas desapareceram e, a solução passou a ser a Internet. O que não falta é site oferecendo uma variedade quase sem fim de esquemas de todos os tipos de aparelhos, marcas e modelos. Entretanto, nem sempre conseguimos todos os esquemas e, muitos manuais são fornecidos faltando as partes mais importantes, aquelas que o técnico mais precisa pra conseguir consertar o aparelho, como: Fonte, Inverter, T-con, Placa principal, etc. Muitas das vezes, o manual contém mais de 100 páginas, mas, nenhuma delas exibe o que mais precisamos, que é o esquema elétrico das placas.
Conclusão:
As dificuldades encontradas hoje pelos técnicos são inúmeras: Peças que não estão disponíveis na praça e outras que custam quase o mesmo preço do aparelho; Segredos para se abrir o aparelho; Parafusos com cabeças “estranhas”; Monopólio de informações técnicas; etc. Mas, o técnico sempre dará um “jeitinho” de consertar o aparelho, mesmo que tenha que trocar uma placa.
É claro que ninguém vai sair trocando placas sem antes observar a possibilidade de consertá-la, mas, diante de todos esses problemas e com o cliente ligando todos os dias pra saber se o aparelho está pronto, trocar a placa é uma solução bem viável.
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Waldyr Souto Maior é professor de eletrônica, possui cursos no exterior, é autor de alguns livros técnicos e é vice-Presidente da Asfeteb ( Associação Federal dos Técnicos em Eletroeletrônica do Brasil : esate.asfeteb@if.com.br