quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Jornal Ícone - Ed. nº 219 - Como eu aprendi eletrônica digital

Paulo Brites

 Quando eu fiz o curso técnico (65-68) o que mais se aproximava de eletrônica digital naquela época chamava-se técnica de pulsos.
 Cheguei a estudar um pouco de aritmética binária, mas todos os circuitos ainda eram valvulados. Os transistores ainda eram um mistério e circuitos integrados nem pensar.
 Ainda durante o curso técnico comecei a lecionar matemática e mais tarde eletrônica, mas acabei, pouco a pouco, me dedicando mais a matemática do que a eletrônica propriamente dita e isto foi até 1976 quando ingressei na Embratel como técnico em eletrônica.
 Foi neste momento que, embora tivesse passado no concurso para Embratel, a “fila tinha andado” e eu estava um pouco defasado e precisando de upgrade urgente.
Aí algumas coisas aconteceram quase simultaneamente.
 A primeira foi entrar para Embratel quase ao mesmo tempo com o João Alexandre da Silveira que, mais tarde, em 79 eu “carreguei” para Revista Antenna onde por muito tempo ele assinou a coluna Projetos do Alex.
O Alex era “circuiteiro” como eu, mas estava mais atualizado. Era um dos poucos técnicos da turma que entrou que se interessava pela “eletrônica de raiz”. Fizemos uma boa dupla que perdura até hoje.
 Mais ou menos na mesma época eu descobri um curso americano por correspondência de alto nível.
 Era o CREI vinculado a McGraw-Hill. Resolvi fazer este curso, caríssimo por sinal e cujo material guardo até hoje. Era uma oportunidade de reciclar a eletrônica e praticar o inglês.
Pra completar a minha sorte, em 78 ganhei um curso de eletrônica digital, pela Embratel, na Ericson em São Paulo. Foram três semanas com oito horas por dia mergulhado em bits e bytes.
 Voltei empolgado e comecei a digerir todo o material sobre digital que achava pelo caminho.  Um detalhe, ainda não existia a Internet!
 Não apenas lia, mas também praticava e em 79 mais uma sorte.
 No período em que dei aula de matemática e eletrônica (67 a 75) tive um aluno (Sergio Starling Gonçalves) que depois também “virou” professor e foi para na Revista Antenna levado ao Dr. Gilberto (o GAP) pelo professor Trindade, diretor do nosso curso. Pois é, a sorte de 79 veio pelas mãos do meu ex-aluno que me levou para Antenna onde estreei em maio com meu primeiro artigo em maio e que acabei de reprisar numa seção do meu site intitulada Baú do Brites.
 A melhor maneira de se apreender alguma coisa é ensinando e, não tenho dúvidas, que é por isso gosto de ser professor. Além de satisfazer meu ego presto um trabalho à sociedade. O conhecimento produz a liberdade.
 À medida que eu estudava e escrevia os artigos para Antenna eu ia aprendendo cada vez mais e formando a base necessária para enfrentar os novos desafios.
 Nesta minha caminhada li muitos livros de eletrônica e hoje percebo que os livros de eletrônica digital que estão no mercado são muito bons para “desencorajar” àquele que se inicia no assunto.
 Alguns clássicos (cujos nomes omitirei por uma questão de ética) tão citados nas bibliografias dos cursos estão completamente defasados até na diagramação que parece do tempo da máquina de escrever.
 Sempre gosto de lembrar Vinicius, o poetinha, “as feias que me desculpem, mas beleza é fundamental”. E o mesmo acontece com os livros, além de um bom conteúdo escrito de forma agradável é preciso ter um bom “look”.
 Por outro lado não vejo em todos estes livros um foco para a reparação, como se todas as pessoas que estudam eletrônica fossem ser projetistas.
 E quem vai consertar o que os projetistas projetam?
 Sempre defendi a ideia de que um projetista deveria começar pela manutenção. Certamente ao projetar um equipamento ele não colocaria um parafuso onde ninguém consegue retirar sem ter que desmontar tudo (principalmente se ele ama a sua mãezinha).
 Há pouco comecei uma série de artigos sobre eletrônica digital no meu site que acabaram tendo uma boa aceitação dos leitores.
 Pensando nisso resolvi aprofundar o tema e como o site tem espaço limitado, as minhas ideias sobre eletrônica digital irão virar livro com um olhar voltado para a manutenção.
 Quando ele sai, eu não sei. Meu perfeccionismo não me deixa dar um prazo, mas quem sabe até o final deste ano.
 Fique de olho no meu site e na minha fanpage que você saberá.
 www.paulobrites.com.br
 www.facebook.com/profpaulobrites

 Até sempre

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