sexta-feira, 13 de março de 2015

Jornal Ícone - Ed. 225 - A essencialidade da mulher em nossa vida!

Carlos Dei

 Nunca é demais falar aqui da importância da mulher no mundo, não só por esse mês ser dedicado a ela (e isso ser interpretado como um modismo), com o Dia Internacional da Mulher (8 de março), mas pelo seu valor como ser -  valor esse infinitas vezes desrespeitado pelo machismo e “valores” moralistas  ou torpes humanos, nos diversos cantos do mundo.

 Cantada em verso e prosa, nas mais diversas cadências e melodias, a mulher tem sido tema dos mais variados poetas, filósofos, historiadores, da antiguidade à contemporaneidade, ficando claro, com isso, a sua essencialidade em nossa vida, traduzida na sensibilidade feminina de mãe, irmã, namorada, esposa, amante, amiga, conselheira, confidente, trabalhadora, artista, guerreira. Contudo, não podemos esquecer que ainda se tem muito o que  fazer para acabar com a violência contra as mulheres, que se dá nos mais diversos níveis de relacionamentos e vivências, especialmente dentro de casa. Sendo assim, a data de 8 de Março é apenas um marco para se trazer à tona as mais profundas reflexões sobre esses fatos e o nosso papel nesse enredo, com atitudes corajosas para transformá-lo em um mundo melhor, equilibrado e, como diz nosso querido poeta/compositor Gilberto Gil, “quem sabe o super homem venha nos restituir a glória / Mudando como Deus o curso da história / por causa da mulher”.

 Muito se poderia falar delas, incansavelmente, mas, nesta edição prestamos uma homenagem a todas as mulheres, através da história de uma delas: a indígena do povo Omágua/Kambeba, Márcia Wayna Kambeba, que hoje desenvolve um belo trabalho antropológico junto aos povos indígenas, em especial do Amazonas.

 Nascida na aldeia Tikuna (AM), por razões particulares Márcia Kambeba conviveu até os oito anos de idade com o seu povo, sendo levada para Olivença (SP), onde cursou o ensino médio. Após isso, mudou-se para Tabatinga (AM), onde graduou-se em Geografia e, em seguida, transferiu-se para Manaus, onde se especializou em Educação Ambiental, daí entrando para a Universidade Federal do Amazonas (UFAM), para fazer Mestrado em Geografia, sendo a 3ª colocada e, por desistência do primeiro, ficando em 2º lugar.


Márcia Kambeba


 Sua tese de mestrado foi desenvolvida a partir de uma pesquisa sobre o seu próprio povo, Omágua/Kambeba, na aldeia Tururucari-Uka, a partir da qual abriu-se-lhe um infinito universo de poemas. Em 2013, já residindo em Belém (PA), lançou o livro “Ay Kakuri Tama” – “Eu moro na cidade”.  Em seguida, começou também a fazer composições musicais na língua Tupi falada pelo seu povo e em português, a fotografar os povos indígenas e, com a fotografia, contar sobre sua cultura. Hoje, seu trabalho se espalhou por alguns estados, bem como pelas escolas e universidades por onde tem andado. Seus poemas falam da cultura, identidade dos povos indígenas, e da valorização e conscientização ambiental com base em sua vivência.

 Atualmente Márcia Wayna Kambeba visita aldeias de outros povos, levando não só a Educação que vem da cultura do dito "branco", como ela define, mas levando apoio à luta pela valorização da afirmação, “aprendendo com eles a amar cada vez mais a Natureza, pois dela dependemos”. “Com o meu canto, poesia e fotografia, busco contribuir para um mundo mais humano, entendendo que somos todos irmãos e formamos uma só nação”, concluiu, em seu depoimento ao Jornal Ícone.


 Abraços!

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