sexta-feira, 24 de abril de 2015

Jornal Ícone - ed,226 - Fonte de Corrente com PIC








Vitor Amadeu Souzavitor@cerne-tec.com.br

1. Material utilizado

Para demonstrar o funcionamento do experimento foi utilizado o kit didático Cerne Fonte de Corrente disponível na figura 1.
Figura 1: Kit Didático Cerne Fonte de Corrente









Fonte: http://www.cerne-tec.com.br
Como literatura de apoio, o livro Fonte de Corrente com o PIC, conforme apresentado na figura 2.

Figura 2: Livro Fonte de Corrente com o PIC
Fonte: https://clubedeautores.com.br/

2. O que é uma fonte de corrente
A saída para a fonte de corrente, disposta na placa didática fornece de 0 a 250 mA. A carga é conectada no conector da figura 3.






Figura 3: Conector para conexão da carga








Uma fonte de corrente é representada pelo símbolo da figura 4.











                                                                                                                                                                            Figura 4: Representação simbólica de uma fonte de corrente

A principal característica da fonte de corrente é manter o fornecimento de corrente independente da carga que é colocada em série com a mesma.







 Na figura 5, é apresentado um resistor (carga) ligado em série com a fonte de corrente ajustada para 50 mA.

Figura 5: Carga de 10Ω conectada a fonte de corrente


O exemplo da figura 5 mostra uma fonte de corrente que fornece 50 mA a uma resistência de 10 Ω. Já o esquema da figura 6 mostra a mesma fonte de corrente, porém alimentando outra carga de 20 Ω.




Figura 6: Carga de 20Ω conectada a fonte de corrente


Essa é a principal característica da fonte de corrente, ser capaz de manter uma corrente constante independente do valor da carga a ela conectada.
3.Resistor shunt
O resistor shunt nada mais é que um resistor de baixíssimo valor, ligado em série com a carga usada para fornecer um feedback (retorno) ao microcontrolador, com isso o microcontrolador identifica se a corrente fornecida está em conformidade ou não com o esperado. Por exemplo, a figura 7 ilustra como é conectado este resistor ao circuito.

Figura 7: Resistor shunt ligado ao circuito



Toda a corrente passa pela carga assim como no resistor shunt, gerando desta forma uma tensão de feedback proporcional a corrente do circuito. O resistor shunt usado na placa Cerne Fonte de Corrente é de 0,2 Ω. Logo, a tensão de feedback proporcional à corrente será dada pela Lei de Ohm como expresso no box 1.


Box 1: Lei de Ohm






Como na demonstração, o valor de R vale 0,2 Ω, resultará em  , onde a corrente I dependerá da corrente que estiver passando pelo circuito. Por exemplo, suponha o circuito da figura 8 com a seguinte carga conectada.


Figura 8: Feedback com carga de 20 Ω










A tensão no ponto feedback será dada de acordo com o box 2.

Box 2: Achando a tensão de feedback





Este valor será alcançado independente da carga ôhmica conectada ao circuito. Note que no caso da figura 9, o valor da tensão de feedback seria o mesmo.



Figura 9: Feedback com carga de 30 Ω






O circuito está preparado para suportar uma corrente máxima de até 250 mA, logo a tensão máxima de feedback será dada de acordo com o box 3.


Box 3: Achando a tensão de feedback máxima





Observe que esta tensão é relativamente pequena para a entrada analógica do microcontrolador já que nominalmente esta trabalha na faixa de 0 a 5 V. Sendo assim, será utilizado um circuito amplificador de tensão usando um amplificador operacional (AOP) conectado ao ponto de feedback que irá amplificar em 100 este sinal. Um circuito amplificador não inversor é obtido conforme apresentado na figura 10.
Figura 10: Amplificador não-inversor











O ganho deste circuito é dado pela relação entre R1 e R2, de acordo com o box 4.
Box 4: Determinando o ganho do AOP



Como R1=100kΩ e R2=1 kΩ, o ganho está configurado para G=101, onde é considerado o ganho igual a 100. Desta forma, quando a tensão de feedback for igual a 0,05V, na entrada do AD do PIC o valor de 5V estará presente. De modo linear, será obtido toda a leitura na faixa de 0 a 250 mA, dando uma tensão de 0 a 5 V como expresso no gráfico da figura 11.

Figura 11: Gráfico com a resposta do conversor AD










Desta forma, o microcontrolador será capaz de controlar a corrente fornecida à carga de modo a deixá-la no valor ajustado na fonte de corrente, daí a importância do retorno de feedback usando o resistor shunt. O circuito completo da parte de feedback pode ser visualizado através da figura 12.
Figura 12: Circuito com AOP completo











A saída AD_PIC ficará conectada a entrada AN0 do microcontrolador PIC16F876A.
4.FET como fonte de corrente
Como fonte de corrente, o FET IRF540N é utilizado. (Figura 13)
Figura 13: FET IRF540N








Fonte: http://www.irf.com/product-info/datasheets/data/irf540n.pdf
Esse FET apresenta uma resistência DRENO-SOURCE (VDS) de 44 mΩ, suficiente para a aplicação. A região linear deste FET será utilizada, onde alterando a tensão de GATE a corrente que fornecida a carga será ajustada de maneira linear. A curva da região linear do FET está apresentada na figura 14.
Figura 14: Curva do FET IRF540N







Fonte: http://www.irf.com/product-info/datasheets/data/irf540n.pdf
De acordo com a figura 14, quanto maior a tensão aplicada ao GATE (VGS), maior é a corrente ID, ou seja, a que alimenta a carga na fonte de corrente. Observa-se assim que o microcontrolador controla a corrente fornecida à carga ao ajustar a tensão no GATE do FET (VGS).  Para fazer isso, o PWM do PIC é usado com um filtro na saída, onde assim poderá ser escalonar de uma tensão que irá de 0 a 5V, como pode ser visto na figura 15.

Figura 15: PWM com filtro na saída














O PWM é usado no modo de 8 bits, que possui uma faixa de valores de 0 a 255 para ajustar o PWM. Sendo assim, quando o duty cycle for ajustado para 255, obtêm-se a tensão de 5V e quando for ajustada, por exemplo, para 127 o valor de 2,5 V. A representação em um gráfico linear pode ser visualizada na figura 16 de acordo com o valor ajustado no duty cycle e a tensão obtida na saída do filtro.

Figura 16: Tensão de saída de acordo com o duty cycle








Porém, note que o FET é alimentado com uma tensão DC de 12V, mas a saída do microcontrolador é de 0 a 5V, tensão insuficiente para controlar o VGS do FET. Sendo assim, um amplificador não inversor baseado em um AOP é empregado para obter na entrada do FET a faixa de 0 a 12V. Para obter este resultado consulte o circuito na figura 17.

Figura 17: Amplificador não-inversor do PWM









O ganho será determinado pela relação entre R1 e R2, neste caso 3,13. Desta forma, quando a tensão de 2 V estiver presente na saída do PWM, observa-se 3,13 . 2= 6,26 V aplicado à entrada do FET e assim linearmente. Veja na figura 18.


Figura 18: Relação de ganho da tensão do PWM














O circuito com o FET para a fonte de corrente é descrito na figura 19.


Figura 19: Circuito com FET e AOP











A figura 20 demonstra o circuito considerando também a parte de feedback para a medição da corrente pelo microcontrolador.


Figura 20: Circuito com FET e Feedback










A conexão com o microcontrolador, disponível na figura 21 observa-se os pinos PWM e AD usados para controle da corrente assim como o LCD que apresenta a corrente medida e os botões utilizados para ajustar a corrente fornecida à carga.


Figura 21: Circuito completo



5.Exemplo proposto

O exemplo proposto possui como carga, um resistor de 150 Ω. e através de dois botões, há o fornecimento de 50 mA  caso o botão conectado a RC5 esteja pressionado e 20 mA caso o botão conectado a RC4 esteja pressionado.
Para isso, há uma rotina que ao ser chamada é passada como parâmetro para a mesma a corrente desejada para fazer o ajuste. O conversor AD deve está em modo de 8 bits, significa que ao ser configurada a corrente de 250 mA, o valor 255 retorne como resultado do conversor AD e assim linearmente, conforme expressa o gráfico da figura 22.


Figura 22: Relação do CAD x Corrente





Note que praticamente cada bit do conversor AD refere-se a 1 mA passando pelo resistor Shunt. Desta forma, o PWM inicia no valor mínimo e em seguida é incrementado até a corrente, que passa pelo shunt, seja maior ou igual à corrente de feedback, momento no qual o PWM que ajusta o FET deixa de ser incrementado mantendo a corrente constante no resistor.
A implementação de um controle PID pode contemplar ainda mais o controle da corrente para mantê-la constante ao longo do tempo, independentemente de variação de carga ou tensão da fonte.


6.Fluxograma


O fluxograma proposto é o apresentado na figura 23, onde após a configuração do PWM e do conversor AD, o algoritmo fica preso em um loop lendo constantemente os estados dos botões. Caso algum deles fique pressionado, é chamado em seguida uma rotina para calibrar a corrente passada como parâmetro e retornar em seguida para o loop. Quando os botões ficarem soltos, a saída de corrente é levada a zero desabilitando a fonte de corrente. Observe que o display apresenta de maneira constante a corrente medida. O leitor pode também ligar um amperímetro em série com a carga para comprovar o funcionamento do experimento.

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