sexta-feira, 24 de abril de 2015

Jornal Ícone - ed. 226 - O desafio do entrelaçamento de luz e matéria

Carlos Dei


“Sim, minha força está na solidão. 
Não tenho medo 
nem de chuvas tempestivas 
nem das grandes ventanias soltas, 
pois eu também sou o escuro da noite.”
 Clarice Lispector


 Relativo, meu caro Einstein! Lixos são transformados em verdadeiras artes e certas “artes” são verdadeiros lixos. A vivência em uma sociedade tecnológica e de consumo nos remete a permanentes conflitos e questionamentos. Conservamos valores de outras raízes, mas também somos impelidos imperativamente ao novo, para não perdermos o “trem bala” da evolução. Obviamente, desde que essa trajetória não nos avilte, nem desconsidere o outro e a verdade do outro, o equilíbrio coletivo.

 Vivemos em um mundo fatigado, no qual necessitamos permanentemente rever os nossos valores, as nossas “certezas absolutas”, reciclar nossos materiais, pensamentos, ações, para que o desafio do entrelaçamento de luz e matéria, no teletransporte quântico e na computação quântica, a transmissão de informações acima da velocidade da luz nos redima do eterno sentimento de rapina.


 Parafraseando Clarice Lispector, para que sejamos, sem início e sem fim e, na “ausência vital”, consigamos dar passos subsequentes, sem arremessar os botões nos lixões ou os lixos nas veias abertas, com as quais nos rejuvenescemos, fluímos e convivemos, cercados dos tablets, smartphones, apps, instagrans, redes sociais, VLTs, medos, descasos, drones, web espiã e fofoqueira, poluições..., vontades, determinação..., entrelaçados com a delicada e louca realidade que é a nossa civilização.

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